quarta-feira, 14 de dezembro de 2016

MPSC LANÇA A CAMPANHA #ESCLARECERPARANÃORETROCEDER

No Dia Nacional do Ministério Público, o MPSC lança campanha para esclarecer os riscos que a cidadania e o acesso à informação correm caso as emendas ao projeto "10 medidas contra a Corrupção" sejam aprovadas pelo Congresso Nacional. As modificações podem amordaçar e intimidar cidadãos, meios de comunicação, Promotores de Justiça e Juízes. A campanha também explicará como funcionam os órgãos de controle da atuação do Promotor de Justiça.

Imagem Ilustrativa
O Ministério Público de Santa Catarina (MPSC) acredita que as emendas aprovadas pela Câmara dos Deputados ao projeto "10 medidas contra a Corrupção" representam um retrocesso para o nosso País. A campanha "Esclarecer Para Não Retroceder", lançada nesta quarta-feira (14/12), Dia Nacional do Ministério Público, esclarecerá de forma didática pontos polêmicos das emendas a partir de três perguntas-chave:

- O QUE ACONTECEU NA VOTAÇÃO DAS 10 MEDIDAS CONTRA A CORRUPÇÃO?

- O QUE MUDA NO TRABALHO DE PROMOTORES E JUÍZES SE O PROJETO CONTRA A CORRUPÇÃO APROVADO PELA CÂMARA VIRAR LEI?

- O QUE MUDA PARA O CIDADÃO E PARA IMPRENSA SE O PROJETO CONTRA A CORRUPÇÃO APROVADO PELA CÂMARA VIRAR LEI?

As perguntas serão respondidas nas redes sociais e no portal da Instituição por meio de peças informativas, vídeos e animações.

HISTÓRICO

Na madrugada de terça-feira (29/11), os Deputados Federais votaram o Projeto de Lei n. 4.850/2016 de iniciativa popular que contou com 2,5 milhões assinaturas e foi amplamente discutido com a sociedade. Com o argumento de coibir abuso de autoridade, os parlamentares desfiguraram a proposta e incluíram emendas que podem amordaçar e intimidar Cidadãos, Meios de Comunicação, Promotores de Justiça e Juízes.

"O Ministério Público de Santa Catarina é favorável ao aperfeiçoamento da Lei de Abuso de Autoridade e não se opõe à discussão democrática a fim de aprimorar essa legislação que é de 1965. Mas somos veementemente contra qualquer tipo de intimidação ou de atentado contra a liberdade de imprensa e do cidadão", explica o Procurador-Geral de Justiça, Sandro José Neis.

"Esclarecer Para Não Retroceder" é uma campanha de todos. O Ministério Público de Santa Catarina (MPSC) é um defensor do Estado Democrático de Direito, por isso luta para garantir os direitos fundamentais e o respeito das liberdades civis. #EsclarecerParaNãoRetroceder.

ENTENDA O QUE SIGNIFICAM ALGUMAS ALTERAÇÕES APROVADAS PELA CÂMARA DOS DEPUTADOS.

O artigo 19 da lei de improbidade passará a vigorar com a seguinte redação: "Constitui crime a representação por ato de improbidade ou a propositura de ação contra agente público ou terceiro beneficiário, quando o autor o sabe inocente ou pratica o ato de maneira temerária."

O que significa na prática?

Essa emenda intimida tanto o cidadão que procurar a Polícia ou o Ministério Público quanto o Promotor de Justiça.

Se o Promotor de Justiça abrir um processo judicial com base em fortes indícios, mas não conseguir coletar as provas necessárias para a condenação e pedir a absolvição do réu, corre o risco de ser preso. O réu, que tanto pode ser uma pessoa inocente quanto um integrante de facção criminosa ou agente corrupto que só não foi condenado por não se ter a provas necessárias, pode entender que a ação do Promotor de Justiça foi temerária. Mas o que é temerário? É aí que mora o perigo. Por ser um conceito muito aberto, ou seja, uma palavra que dá margem à interpretação, o Promotor de Justiça fica sujeito a ter um ato de boa-fé criminalizado.

Se o cidadão tiver indícios de um crime e procurar a Polícia ou o Ministério Público para pedir que investigue, também está sujeito à prisão. Assim como o réu do Promotor de Justiça, a pessoa que será investigada, a partir da denúncia do cidadão, também poderá entender que esse cidadão fez uma denúncia temerária.

Inclusão do dispositivo: "Expressar, por qualquer meio de comunicação, opinião sobre processo pendente de atuação do Ministério Público ou Juízo depreciativo sobre manifestações funcionais, em juízo ou fora dele, ressalvada a crítica nos autos e em obras técnicas ou no exercício do magistério."

O que significa na prática?

A imprensa e o cidadão não terão mais acesso a informações sobre crimes investigados e não saberão como estão agindo os agentes públicos. Com essa emenda, os Promotores e Procuradores de Justiça estão proibidos de dar entrevistas ou se manifestar publicamente sobre casos em andamento. O GAECO, por exemplo, não poderá mais conceder entrevista coletiva para explicar as suas operações.

Inclusão do dispositivo: "Proceder de modo incompatível com a dignidade e o decoro do cargo."

O que significa na prática?

É mais um conceito que fica aberto para qualquer tipo de interpretação.

QUEM FISCALIZA O MINISTÉRIO PÚBLICO

O Ministério Público é o grande defensor dos interesses da sociedade e atua de diversas formas. Ampara os direitos que dizem respeito a todos, como a proteção ao meio ambiente. Age na proteção daqueles que não têm condições de se defender, como as crianças. Zela pelos direitos dos quais as pessoas não podem abrir mão, como a vida e a saúde. Atua, ainda, na defesa da ordem jurídica e do regime democrático.

Toda essa atuação já é fiscalizada e controlada, mas o Ministério Público de Santa Catarina também defende que esses órgãos de controle sejam aperfeiçoados.

Internamente, a Instituição possui três esferas de fiscalização:

- Corregedoria-Geral do Ministério Público: avalia se o Promotor e o Procurador de Justiça cumprem suas funções corretamente e avalia a sua postura pessoal diante da sociedade;

- Conselho Superior do Ministério Público: analisa se a solução aplicada pelo Promotor de Justiça ao caso sob sua responsabilidade foi a mais adequada (arquivamento, proposição de acordo ou ação judicial);

- Colégio de Procuradores de Justiça: fiscaliza os atos administrativos e jurídicos do Procurador-Geral de Justiça.

Externamente, o Ministério Público é fiscalizado de duas formas:

- Tribunal de Contas do Estado e Assembleia Legislativa: fazem a análise e fiscalização da prestação de contas da Instituição

- Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP): faz o controle da atuação administrativa e financeira de todos os ramos do Ministério Público e fiscaliza o cumprimento dos deveres funcionais de seus membros. Sua sede fica em Brasília (DF) e o Conselho é formado por representantes da OAB, Senado Federal, Câmara dos Deputados, Supremo Tribunal Federal (STF), Superior Tribunal de Justiça (STJ), Ministério Público Federal e dos Estados.


Fonte: Site do MPSC.

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